sexta-feira, 8 de outubro de 2010

UMA “PAUSE” PRA PENSAR


Desde o dia 09 de agosto de 2010, o Projeto Lanterninha exibe filmes em duas escolas do recôncavo baiano. Estamos em nossa reta final e até agora avaliamos que as sessões nos trouxeram ótimos resultados: aceitação do público em relação aos filmes exibidos, ricos debates e adesão de professores e gestores ao objetivo do projeto: formação de plateia para o cinema nacional e possível uso destes filmes em sala de aula.

Mas durante esse período outras questões também surgiram e nos fizeram refletir sobre a nossa prática e a nossa experiência nestas escolas: quais filmes são “adequados” para os jovens do ensino fundamental e que vivem no interior do Estado? Que tipo de discussão podemos levar para estes jovens? Vamos falar da forma, apenas do conteúdo ou deixar que a sessão nos revele como vamos conduzir o debate? E o que fazemos quando há rejeição e o filme não funciona? As vezes fico pensando o que é o cinema que “serve” e o cinema que “não serve” para ser exibido em determinados contextos...

Um dia destes estava folheando minhas anotações e verifiquei que depois da nossa primeira sessão no colégio Aurelino Mário (Cachoeira) tivemos que rever a nossa programação e a quantidade de filmes que seriam exibidos. Depois da exibição do documentário PRO DIA NASCER FELIZ e pelo fato de até então, não conhecermos estes jovens, pensamos que alguns filmes do nosso cardápio “dariam certo” e outros talvez não...

Já se passaram três meses e o que vejo hoje é um movimento bem interessante ocorrendo nestas duas escolas. A cada sessão somos surpreendidos e “obrigados” a rever e avaliar as nossas escolhas. Outra coisa é que o nosso olhar em relação a este publico também vem se transformando. Isso ocorre porque na medida em que entramos nestes espaços e conhecemos o perfil dos alunos e dialogamos com eles, percebemos o que eles precisam/querem ver refletido na tela e como o cinema e os filmes que dispomos (e tantos outros que existem por aí!) podem ser somados a bagagem cultural que eles já trazem e aos conteúdos do currículo escolar.

Muitos diálogos, muita leitura, muitas interpretações são possíveis quando os personagens e as histórias da escola e do cinema se cruzam.

Filmes como MENINAS e BICHO DE 07 CABEÇAS, que no inicio pensamos em não exibir para o nível fundamental, funcionaram muito bem e eles trouxeram contribuições riquíssimas em seus discursos! A MÁQUINA, BESOURO, CARRETO e 10 CENTAVOS E OS OUTROS CURTAS METRAGEM, também são nossos “campeões de bilheteria e debate”. A nossa experiência nos revelou que para ver NARRADORES DE JAVÉ eles precisam de uma maturidade maior.

Esta Competência para ver (Bourdieu 1979) com certeza estes alunos irão adquirir na medida em que o tempo for passando e eles tiverem mais e mais contato com filmes diversos. Mas o gosto já estar sendo aprimorado e já tem menino e menina (que nunca foi ao cinema!!) fazendo suas próprias escolhas e revelando suas preferências. Muitas vezes quando chego à escola ouço as seguintes falas: “Pró eu prefiro longa - metragem. Pró eu não gosto de curtas porque acaba logo!!” Hoje você vai exibir documentário?”...

Por: Daiane Silva

Coordenadora Pedagógica

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